SILÊNCIO



Preguem-me os pés ao chão.
Para eu não ir até ti. Não te procurar.
Não te tocar. Não te sentir.
Talvez fique mais fácil.
Viajar só em pensamento.
E se eu não aguentar,
Pedirei o dom do alienamento.
Para sentir o ar... e respirar.

Tapem-me a boca.
Viciem-me em ausência de palavras.
Ou ensinem-me o dom do silêncio. Oportuno.
Talvez fique mais fácil.
Guardar tudo em mim.
E se eu não aguentar,
Pedirei o dom do conhecimento.
Para procurar espaço... onde encaixar a vida.


Mas esquecer-te, não sou capaz.
Nem apagar o que ficou para trás.
Se a única forma de te ter em mim
Acaba agora por ser assim…
.
.
.

5 comentários:

Esmeralda disse...

Também eu um dia quis que do chão brotassem raízes fortes que nem correntes que conseguissem segurar a vontade que de mim sai a todo o vapor, a vontade de o rever nem que seja apenas por breves segundos, a vontade que tenho de perceber porque um dia eu era bela e no outro já nada era.
Sim, um dia quis…
Mas já não quero mais, sou movida por curiosidade e irei, irei revê-lo, irei buscar palavras que há muito se calam.
Irei à luta.
Lutarei por ele, por nós, mas principalmente por mim.
Luta, tu também!
beijocas

ruth ministro disse...

Há ausências que nos preenchem por dentro, não é?...

Beijos

Som do Silêncio disse...

Para ti, só tenho uma palavra a dizer depois do que li...
Brilhante.

Aliás, todos os teus textos o são!

Beijo terno

Azul disse...

Olá!

Há silêncios assim.


Beijinho para ti

PS: Não se esquece. Nem se consegue apagar de nós.

Pedro Branco disse...

Combater a memória é uma luta cruel...