Pensamento

“mesmo sendo fugas através do pensamento sinto-me bem contigo…”


Não peço que o mundo mude
Peço que acalme
A minha inquietude.

Não para te esquecer.
Nunca para apagar memórias.
Quero guardar
Esse livro de histórias…

Guardar todos os beijos
Que consigo lembrar,
E as expressões
Que largaste no ar.
As coreografias
Que nos juntaram
E os gestos
Que nos incendiaram.
A linha da tua boca.
A minha pele sob os teus dedos.
O teu sorriso transparente.
E todos os nossos segredos…



Pic.by Desaparecida

Um lugar ao fundo



Somente HOJE consegui sentir estar EM TI como tu em mim.
E pensar que foi preciso chegar AQUI para isso acontecer.

Pensar em tudo o que não chegámos a ter…
Tempo, para nos amarmos. Espaço, para nos encontrarmos. Confiança, para nos entregarmos. Coragem, para mudar as nossas vidas.

Perdemo-nos. Outra vez.
Não há chave que faça o tempo parar.

Como tu disseste, há bem pouco tempo, “desperdiçamos momentos, e sentimentos…”
Sem ter noção de tudo o que se perde, assim, tocando-nos os dedos.

Desencontros, inseguranças, indecisões… já não importa o que esteve no nosso caminho. A vida decidiu por nós. Imprevisivelmente.

Despedimo-nos. Outra vez.
Sem mágoas. Com amor. Com paixão.
Com segredos no coração.

Queria encostar os meus lábios ao teu ouvido e finalmente murmurar “eu amo-te”.


Quero que saibas,
Há um lugar ao fundo
de mim
Que é teu. E através dele SEMPRE me poderás tocar.
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Pic.by F3R/n@nd0 (FJTU)

pele molhada


Chove,
Sobre a pele molhada.
E a água que cai
Não a sinto gelada.

És uma chuva de verão.
Que cai nos terraços do meu coração.

Que fazer se contigo
Eu me sinto Tua?…
A minha alma
Entrega-se nua…

E as contradições
Da minha sensibilidade.
Em nada me ajudam
De volta à realidade.

Por isso me sinto
Completamente perdida,
Tentando entender
Os sentidos da vida.




SAUDADE



A saudade eu que tenho de ti
É maior que a minha capacidade de a conter...
É uma segunda vida por viver.




Pic.by aslicik

INFINITO


Senti-me paralisada pelos Buracos Negros que encontro entre nós e que por vezes interpretei como vazios. Que afinal não são. São qualquer coisa que temos dificuldade em definir, interpretar, descrever… e que nos absorve na sua essência.

O que se passa no seu interior não consegue ver-se do exterior.

Inesperadamente, em duas frases fizeste-me chegar lá. Fizeste-me também chegar a ti. E talvez até, a mim. Perceber que provavelmente eu também não sou assim tão transparente, tão facilmente legível, como pensava ser.

Se há perguntas que não sabemos que queremos fazer, também há respostas que não temos como ter.

Hoje tive a resposta que eu não sabia que queria.
E sinto-me menos vazia.

Talvez me tenha habituado a escrever-te mais profundamente nas entrelinhas que nas palavras pronunciadas. E falar de amor não substitui dizer-te: eu AMO-TE.
Nem sei se sei porque é que é tão difícil dizê-lo. Ou dizer tantas outras coisas…

Há um Buraco Negro que nos absorve, aos dois, na sua densidade que tende para o infinito, sem lugar físico onde nos encontrarmos, sem tempo contado em minutos, dias ou anos. Mas talvez acabe por ser onde nós mais nos encontramos e tocamos.

E aceitar isso não resulta num apagar da falta que eu sinto da tua presença nos meus dias de 24 horas. Não apaga a falta do teu toque, da tua pele, do teu olhar, da oralidade das palavras, da troca de experiências.

Não te apaga a TI de mim.
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