O meu corpo procura-te e encontra-se. A minha alma é tocada e perde-se.

Quando chegas, um olhar de saudade como que fotografa o teu corpo e pára no teu rosto, querendo decorá-lo. Decorar todas as expressões para mais tarde desenhar de olhos fechados.
Se alguma vez a utopia de parar o tempo faz sentido, este é o momento. O momento em que te encontro.
Quero todos os sentidos activos. Todos os sentimentos com espaço para se manifestarem. Quero tocar-te sem pensar. Sentir-te sem pensar. Quero espaço para sentir! Só isso. É tanto.
Mas fazer o tempo parar ali, só para nós dois, é uma experiência maior que nós próprios. É outra escala. Uma escala à qual não estamos habituados.
Quando assim estou, as nossas peles tangentes, até inevitavelmente se tocarem… faz tanto sentido. O meu corpo procura-te e encontra-se. A minha alma é tocada e perde-se.
Sem querer saber onde estou, procuro apenas sentir-te. Sentir-nos. Porque nós dois juntos somos diferentes de nós dois separados. Nós dois juntos somos uma mistura química que produz um êxtase incomparável.
Quero mais espaço de memória, para guardar cada beijo, cada toque, cada olhar, cada sensação, cada pulsação dos minutos em que estou contigo.
Depois a palavra impossível chega e turva-me o olhar. Não é palavra de hoje, é de há anos, desde sempre. E eu não percebo como. Como é que essa palavra vem tão cá de dentro se é também dentro de mim que eu te encontro. Se dentro de mim há o teu lugar.
Amo-te. Posso fugir de muita coisa, mas disso não consigo fugir. Posso agarrar tudo o que tivemos, e tudo o que temos, colocar numa caixa secreta e guardar. Mas está lá. Latente. Como uma tempestade contida que a qualquer momento se pode soltar. O meu medo é que nos escombros do dia seguinte não sobrasse nada depois da tempestade. Nem nós dois.

Pic.by Christine Lebrasseur