The Big Picture


Já não aponto armas a esta paixão. Não a ataco com dúvidas nem me defendo com muros. Percebi que as paixões entram sempre assim nas nossas vidas, sem pedir concordância ou opinião. Lutam para encontrar espaço, seduzem para o conquistar. E quanto mais fortes são mais tempo demoram a desistir de nós.
Queria escrever coisas bonitas sobre ti, sobre o tempo que eu desejava que tivéssemos um para o outro. Sobre todas as coisas que eu gostava de fazer contigo. Mas para escrever sobre isso com beleza teria de deixar no silêncio a angústia que me invade quando penso que isso nunca vai acontecer. Para escrever palavras sublimes que elogiassem o que sentimos um pelo outro, teria de deixar no silêncio a tristeza que cai sobre mim quando penso que a paixão que nos envolve ao mesmo tempo nos trai… Trai outros sentimentos que alimentamos nas nossas vidas. Trai outras vidas que trouxemos para as nossas.
Fecho os olhos em busca de poemas tão intensos quanto os sentimentos que guardo em mim. Fotografias perfeitas que me façam sorrir. Notas musicais que me façam dançar. Mas o que teima aparecer é apenas uma imagem: as minhas mãos sobre peças de puzzle que eu não sei onde encaixar. Um puzzle tão gigante que mais se parece com um labirinto.
Ainda havemos de nos encontrar, no meio destas peças todas, para juntarmos algumas a quatro mãos. Peças que encaixam na perfeição. “Zoom in” e faz todo o sentido. “Zoom out” e perdemo-nos outra vez.




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